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Acordar cedo tem um lado bom

Pra quem acha que acordar cedo pode ser a solução para chegar rápido em algum lugar, o trânsito infernal que para São Paulo desde antes dele acordar é uma ducha de água fria, a má notícia da manhã que só não estraga o dia porque a esperança é a última que morre.

Para o trânsito paulistano, 7 da manhã já é tarde. É só tentar entrar na Marginal ou chegar na cidade pelas estradas que acessam a Marginal. Tenho um colega de ginástica que, para chegar na hora, tem que sair da Granja Viana antes das 6 da manhã. 5 minutos de atraso e a demora fica enorme porque a entrada da cidade não comporta os carros que chegam e a CET completa o serviço, com estragos imbatíveis na região do Butantã.

Quem pode mais chora menos. Neste caso, é entregar a alma a Deus porque o corpo já foi, devorado pelo estresse ou vítima de assalto.

Tanto faz, se acordar cedo não resolve o problema da velocidade média da cidade, tem outro lado que pode valer a empreitada.

De manhã cedo a luminosidade é diferente, mais limpa, mais transparente. A cor do céu às 7 da manhã de um dia de inverno tem nuances especiais. Mistura o azul ainda se firmando com o vermelho e o laranja da madrugada e cria um cenário invariavelmente de filme de ficção científica.

Às 7 da manhã a cidade está mais colorida, tem mais tons pintando o céu e a névoa que não impede a luz completa o cenário com pinceladas especiais, que contornam a linha do horizonte e formam a moldura do quadro impressionista criado pela luz e pelas formas que ela ilumina.

Tem quem não goste de acordar cedo e eu respeito. Eu não acordo cedo porque gosto, acordo porque perco o sono. Mas eu gostaria de sugerir a quem acorda tarde que acorde cedo nem que seja um único dia. Vale a pena ver a cidade mais colorida.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.