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Será que os sinos não tocam mais?

Durante séculos os sinos sempre tocaram. Tocaram nas festas e na tristeza; nas boas novas; nos avisos de perigo; para informar a hora e a ronda da guarda; a Ave Maria às seis da tarde, o clarear do novo dia.

Os sinos são parte constante da vida dos seres humanos. Na roça acordavam as fazendas; avisavam as pausas na jornada; o almoço e a janta; a hora de voltar pra casa. E o acordar na manhã seguinte.

Os sinos tocavam na coroação dos reis; na comemoração das vitórias; na volta da tropa; no nascimento dos príncipes; nas grandes datas.

Mas, antes disso, os sinos tocavam para avisar a população da chegada dos inimigos; informar os movimentos de guerra; o posicionamento das tropas; as cidades em volta; os moradores dos campos.

Os sinos tocavam no Natal e na Páscoa, nos dias santos, nas homenagens aos santos, no aviso da quaresma.

Os sinos tocavam a hora certa. Contavam da passagem do dia. Marcavam os momentos, perenizando a vida e a morte.

Os sinos tocavam porque eram os arautos de todas as novas. Quem trazia o aviso do bom e do ruim, do bem e do mal.

Os sinos tocavam porque cada igreja desejava ter o sino mais sonoro. Tocavam para avisar o afundamento dos navios.

Os sinos tocavam pelos vivos e pelos mortos, marcavam o ritmo do mundo. Hoje, quem ouve os sinos tocarem?

Hoje, quem sabe onde andam os sinos que anunciaram a independência do Brasil? Quem sabe que alguns sinos tocaram quando D. Pedro, em 7 de setembro, chegou a São Paulo?

Ah, a poesia da seis da tarde com o sino da fazenda tocando!

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.