Os flamboyants
O ano está chegando ao fim. Sei disso porque a cidade está enfeitada para o Natal, os papais-noéis estão sentados em suas cadeiras nos shoppings centers e as promoções começam a pipocar para convencer pais e avós a abrirem o bolso em favor da descendência.
Isso tudo é verdade e baliza a certeza de que o fim de ano está próximo. Mas há mais!
Há o calor que bate recordes, há a chuva que faz que vem, mas não vem e, quando vem, chega com fúria. Há a exasperação de quem teve um ano de louco, para ficar numa imagem amena, e que não aguenta mais e por isso faz qualquer loucura.
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Há sinais físicos e metafísicos apostando na certeza de que o fim do ano está próximo.
Há apostas, jogos de cartas, leitura de sorte, todos confirmando a certeza de que o fim do ano está próximo.
Mas, acima de tudo, há a florada dos flamboyants. Os flamboyants chegam sempre no fim do ano e, como eles começam a pipocar pela cidade, a certeza de que o fim do ano está às nossas portas é mais do que certeza – é assinatura com firma reconhecida em cartório.
Os flamboyants são árvores deslumbrantes, que fazem parte da minha vida desde que eu era menino, na fazenda de Louveira e na fazenda de meu avô Orlando, em Amparo.
Um dos muitos tombos de cavalo que eu tomei foi justamente por causa de um flamboyant. Meu primo Ruy e eu estávamos montados no Nativo, em pelo e apenas com um cabresto. O cavalo disparou, passou por baixo da árvore, o Ruyzito abaixou, eu não consegui me abaixar e bati com a cabeça num galho, caindo em seguida.
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A cor das folhas dos flamboyants é um verde suave, que dá sensação de tranquilidade, e o vermelho de suas flores contrasta e combina com o verde das folhas. O resultado é uma mistura que embeleza a cidade.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.