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Os garis

Lá estão eles, mas você passa com seu automóvel e é como se não os visse. Como se fossem parte da paisagem. Não um ipê florido, nem um resedá, mas um poste que se move, ou nem isso.

No entanto, lá estão eles, com suas roupas listadas justamente para chamar atenção. Para evitar acidentes, para que sejam vistos de longe e não corram o risco de ser atropelados.

Esse risco não me parece que seja alto. Não tenho os números referentes a acidentes envolvendo os garis, mas como a imprensa não dá espaço, deve ser relativamente baixo.

De qualquer forma, você passa de carro e é como se os visse sem vê-los. São apenas uma coisa a mais na paisagem que você corta, interage, mas não percebe.

No entanto, quanto do bem estar da sua vida depende da ação dos garis. São eles que varrem o chão das ruas, impedindo que a sujeira acabe de entupir os bueiros invariavelmente sujeitos a entupimentos, justamente nos meses de chuva.

São eles que tiram a sujeira, as folhas, o papel, as latas de bebida e garrafas vazias, os preservativos usados e todo o resto que fere seus olhos ao olhar para o chão, nas vezes em que, por algum motivo, tem que andar pelas calçadas.

Os garis têm função importante na vida da metrópole. Sem eles as enchentes atingiram níveis mais altos, a sujeira chamaria os ratos, o lixo acumulado se transformaria em foco de mosquitos, baratas e outros insetos indesejáveis.

Os garis, acima de tudo, são gente como a gente. Tão bons como os melhores. Não reconhecê-los é falta de cidadania.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.