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Pombas e capivaras

Pombinha da paz, pombinha da paz, leva este ramo de oliveira para Noé saber que o dilúvio acabou e que o alto do Monte Ararat é logo ali.

Pombinha da paz, pombinha da paz, protege o mundo das explosões atômicas da guerra fria.

Pombinha da paz, pombinha da paz, nos deixe em paz, não nos passe as doenças tenebrosas que você é capaz de passar. Deixe seus piolhos longe da gente, em nome de tudo que há de mais sagrado em cima da terra.

Pois é, para quem não sabe, as inofensivas pombinhas que andam pelas praças do mundo, sujando tudo que tem em volta, não são as inocentes avezinhas do paraíso, que carregam no bico os sinais de paz e prosperidade.

Não, as pombas que infestam as cidades do mundo são ratos de asas, com penas no lugar do pelo cinza e curto dos roedores que também infestam as cidades do mundo.

As pombas são animais imundos, que transmitem doenças sérias, capazes até de levar à morte.

São quase como as capivaras, que infestam os rios e lagoas do Brasil, por absoluta falta de inimigos naturais que deem conta do recado e controlem seu número absurdo.

As capivaras são ratos crescidos. Também são vetores de uma doença séria, que pode ser fatal para o ser humano, chamada febre maculosa.

Como não temos mais as onças, sucuris, jacarés e piranhas que controlavam a população das capivaras, elas correm soltas, em bandos cada vez maiores, como se o mundo fosse delas – delas e das pombas.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.