Uma boca e dois ouvidos
Diz o caipira que, se fosse para você falar muito, Deus teria dado duas bocas e um ouvido. Como ele fez o contrário, e deu duas orelhas e uma boca, quer dizer que você foi feito para ouvir mais e falar menos.
Em boca fechada não entra mosquito. A sabedoria popular é vasta nas lições para o ser humano ouvir mais e falar menos. Especialmente quando o cidadão fala coisas sérias.
Eu tenho um amigo que quando abre a boca parece uma metralhadora, fala compulsivamente, sem cessar pelo tempo que tiver alguém na frente, querendo perguntar algo sério para ele.
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Depois que ele fica quieto e o outro não perguntou o que queria, se se espremer tudo o que ele falou não sobra nem a hora certa. Ele é especialista no famoso falar sem dizer nada.
Tem também o que fica mudo. De vez em quando ele olha para você e diz “pois é”.
Quinze minutos depois, fala de novo e diz “pois é”. Você se irrita e pergunta “pois é o quê?” Ele pensa, balança a cabeça, olha para você e responde “pois é.”
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É o célebre moita. O pior castigo para ele é nascer para agente secreto e acabar vendedor na 25 de março.
Cada um é cada um, cada um sabe de si. Tem quem fale, tem quem escute, tem quem fala e escuta, tem quem fala e não escuta, tem quem escuta e não fala. Tem o avesso disso tudo.
Faz parte da diversidade, ou melhor, é direito inerente a toda diversidade. Quem quiser falar que fale, quem não quiser falar que não fale, tanto faz, o importante é respeitar o outro.
Se João é falante e Joaquim fala mais ainda, o problema é deles e ninguém tem nada com isso. De qualquer jeito, é sempre inteligente ficar quieto para evitar discussões inúteis.
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