Meu amor é pragmático
Todo amor é bonito. O sentimento é belo, então todo tipo de amor é bonito. Tem gente que imagina que história de amor tem que ser triste, Romeu e Julieta, Bernardo e Heloisa. Mas não é bem assim. A diferença entre as histórias tristes e a histórias felizes é que as histórias tristes fazem chorar, chamam a atenção, dão audiência para livros, peças e filmes.
Já as histórias bonitas, não. As histórias bonitas têm roteiro feliz, não servem para drama, para tema de novela.
A felicidade é como um rio que passa quase imutável, correndo em leito largo e em terreno plano. Segue na mesma toada, sem sobressaltos, sem sustos, sem cachoeiras, pelo menos na maior parte do percurso.
Enquanto o amor triste cobra em lágrimas e sofrimento, o amor alegre, o amor feliz, dá em momentos mágicos, em aventuras atrás do arco-íris, em potes de carinho, descobertos em todos os momentos, em cada lugar.
Esse amor existe. Existe como existe o amor triste. A diferença é que os amantes felizes não fazem questão de contar que são felizes. Para eles é mais importante viver os instantes felizes com a calma de quem sabe que depois dele virá outro e outro – que todos os instantes podem ser felizes porque os amantes querem ser felizes.
Tem gente que usa os momentos felizes para, quando está distante, dar beleza pra saudade. É bom sentir saudades de momentos bons, de instantes maravilhosos onde os dois dão e recebem. É tão bom que tem gente que vicia. Começa a gostar de sentir saudade em vez de continuar vivendo outros momentos felizes, como os que a fazem sentir saudades.
Eu não. O meu amor é pragmático. Eu gosto de sentir saudades, mas gosto muito mais de poder matá-las.