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O som dos aviões

Não tem jeito, dependendo de onde a pessoa mora, o barulho dos aviões atinge proporções enlouquecedoras. É decibel demais para sono de menos. Mas é assim que é, porque morar numa cidade grande tem prós e contras e dependendo de onde você mora o contra mais chato é o barulho infernal das turbinas de um jato decolando.

Quer dizer, se você tiver sorte e o vento a favor, o avião sai pela outra cabeceira e o barulho fica pra quem mora do outro lado da pista, o que é muito bom, até o instante que o vento vira e aí o ronco é seu.

Uma cidade com um aeroporto dentro é um pesadelo. Mas, o que se vai fazer quando a cidade cresceu em volta do aeroporto, que quando foi construído ficava numa chácara longe do centro, justamente por isso?

O problema é que quando o aeroporto foi feito os aviões eram menores, voavam menos e tinham uma procura muito menor.

O drama do progresso é o aumento de todas as demandas, de ônibus a metrô, de helicóptero a avião. Todo mundo quer mais e só do melhor.

E é bom ser assim, é humano querer mais e do melhor. Ninguém gosta de andar pra trás e quem experimentou as vantagens claras de um avião não vai querer viajar de jardineira, por mais poesia que o velho coletivo tenha.

O duro é você morar debaixo da rota que essas máquinas usam para partir. Na chegada o barulho é diferente, parece que dói menos. Mas pode ser que seja só impressão minha. Quem deve responder é quem mora mais perto do aeroporto.

Mas com mais ou com menos, o barulho dos aviões na cabeça das pessoas é uma tortura quase tão séria quanto comer nhoque.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.