Somos todos iguais
Não conheço muitas pessoas que pensem nos pais como gente igual a eles, capazes de ações e reações como as deles, com desentendimentos e entendimentos iguais aos deles, com a vida muito parecida com a deles.
Se não economicamente, sentimentalmente. Se não financeiramente, com sonhos e vontades semelhantes.
É raro imaginarmos nossos pais moços, namorando, ficando noivos, casando, tendo filhos, construindo suas vidas.
Na maior parte das vezes nos lembramos deles quando já estamos com uma certa idade e o ritmo da vida nos coloca na escola, na aula particular, no curso de inglês, na natação, na ginástica, com os irmãos e primos, na primeira festa, com a primeira namorada, andando pelo mundo com os amigos.
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Pai e mãe namoram, têm amigos, dançam, vão a festas, dão risada, se fantasiam nos carnavais. Vivem vidas muito parecidas com as nossas, apenas algumas décadas antes.
Meu amigo Paulo Bomfim me dizia que o problema de ficar velho é que o corpo não acompanha mais a cabeça e de repente descobrimos que não damos mais saltos mortais no trampolim da piscina da fazenda.
Outro dia, mexendo num armário com pastas velhas, encontrei um álbum de fotografias de minha mãe. A maioria das fotos é da década de 1940, em Campos do Jordão.
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Em primeiro lugar, as fotos mostram que ela foi uma mulher muito bonita.
Mas, mais importante do que isso, mostram o dia a dia, a rotina dela e de seus amigos, e que essa rotina é muito parecida com as nossas, que são muito parecidas com as dos nossos filhos.
Guardadas as tipicidades de cada época, o ser humano é o ser humano e seu comportamento, depois que todos crescem, é muito parecido.
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