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O atraso com desculpa consistente

O brasileiro por temperamento ou falta de educação, adora chegar atrasado. Achamos fino dar meia hora, uma hora, ou até duas horas de lambuja, antes de mostramos a cara, seja lá para quem for.

Não chegamos e pronto. Tanto faz se é fino ou não. Tanto faz se é feio deixar alguém esperando. Tanto faz qualquer outra ponderação, por mais ponderada e lógica que seja.

Nós atrasamos e com tal convicção que o presidente da república chegou ao ponto de fazer do atraso um item de seu cerimonial. Atrasa mesmo. Seja lá para o que for.

Agora o paulistano tem uma desculpa consistente para justificar seu atraso e até para aumentá-lo. Por que atrasar apenas 15 minutos se com a boa desculpa, meia hora fica fácil?

E para quem atrasava meia hora, por que não uma hora inteira, ou, quem sabe, até um pouco mais? Tem espaço na desculpa e contra ela não há argumento.

O trânsito parado justifica tudo. Até você não ir. Porque depois de 3 horas sem se mexer, feito uma lesma tomando sol, você desistiu, em nome da saúde física e mental.

Não cheguei porque tomei a Marginal e ela não andava. Tinha um caminhão quebrado não sei em que ponte, 25 quilômetros de onde eu estava e no sentido inverso, mesmo assim não deu.

Fiquei parado, igualzinho a ontem, quando eu ia para Santos, mas a saída para a Rodovia dos Bandeirantes estava parada, então eu também não andei. E não foi por solidariedade.

Não andei. Deu pau e eu fiquei parado, feito passarinho que viu cobra, até chegar aqui 2 horas depois da hora. Desculpe.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.