Coronavírus
As ameaças fazem parte da vida. Desde que o primeiro ser humano pisou no planeta ele foi ameaçado direta ou indiretamente por uma série de fatores internos e externos, capazes de dar conta da sua vida.
Dos leões nas savanas, esperando na tocaia a passagem do próximo almoço, aos vírus desconhecidos que entraram nele, o ser humano sentiu na pele e na carne o preço de estar vivo e tentar continuar assim.
Quantos dos nossos antepassados foram comidos vivos por feras, mosquitos, percevejos, micoses e outras formas de tirar a vida que se saciam nas nossas carnes, se enfiam no cérebro, atacam nossas tripas?
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Nada de novo debaixo do universo. A chegada do coronavírus é só mais uma etapa na longa luta pelo controle do planeta, iniciada milhares de anos atrás, até agora mais ou menos vencida por nós, ou pelo menos assim nos parece.
É verdade, diante da natureza somos menos do que nada. Uma folha seca voando no vento ou, menos ainda, apenas um cardápio pronto para alimentar outras formas de vida que se cevam na gente.
Pestes, pragas, eventos climáticos, terremotos, tsunamis, fogo, doenças e o mais que imaginarem cobram seu preço em sangue humano, na maior parte das vezes indiferentes se sofremos ou não.
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O coronavírus chegou, como chegaram antes dele a gripe aviária, a gripe suína, a poliomielite, o sarampo, a caxumba, o câncer, a sífilis, a AIDS, a tuberculose, os carrapatos e os bichos venenosos que habitam o planeta.
Não sei qual foi a maior, mas, entre as epidemias do mundo, a gripe espanhola e a peste negra têm lugar de destaque. Em comum, as duas mataram milhões de pessoas e depois passaram. Cobraram seu preço, mas passaram. O coronavírus vai levar sua cota, mas também vai passar.
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