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Cada dia é um dia

Cada dia é único em sua trajetória rumo ao passado. O que é em breve será mero já foi. E o que ainda não veio, esconde a poesia das expectativas da vida, a cada momento, e em cada segundo.

Ninguém sabe o que o futuro lhe reserva. Nem eu, nem você. É bom ser assim. Cada instante tem a capacidade de surpreender, como os mágicos dos circos de cavalinho, ou a mulher macaco que se transforma atrás de grades sólidas que evidentemente se abrem quando ela as chacoalha com força.

Ontem está muito longe, ou não. Quem sabe um simples instante tenha o dom de eternizar um dia inteiro.

Quem sabe? Eu não, nem quero saber. Prefiro me deixar ficar aqui, esperando a vida acontecer, dentro de sua rotina sem rotinas, um momento depois do outro, gota a gota, até ser noite e a estrelas falarem de outro tempo.

A lua cheia é o retrato simples da vida em evolução. Tudo cresce, depois diminui, e em algum momento acaba. Morto ou esquecido, quando não os dois, um depois do outro. Mais cruel ainda quando o esquecimento acontece em vida.

Quanta vida passa em volta sem que gente perceba. Quanto sonho se acaba antes de começar porque não encontrou o contraponto do outro lado da rua.

Fica o mais preparado. Quem não se adapta tende a sumir. Tanto faz a espécie. A regra é essa e o maior come o menor sem cerimônia nenhuma, a não ser o medo que alguém maior resolva dar-lhe o troco.

Remorso é coisa de louco. Quem acredita no que faz não tem remorso, tem no máximo saudade daquilo que não fez.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.