Novo trópico Enciclopédia
Quando eu era menino ganhei alguns volumes de uma coleção chamada “Novo Trópico, Enciclopédia Ilustrada”. Nunca tive a coleção completa, mas os volumes que eu tinha, e que eu lia vorazmente, serviram para me dar as primeiras noções sobre quem é o ser humano e a despertar meu interesse para saber mais sobre essa criatura fascinante e sobre o universo onde ela está inserida.
Foi nas páginas mágicas dessa enciclopédia ilustrada que eu aprendi sobre os grandes gênios das artes, os grandes inventores, os grandes filósofos, os grandes conquistadores, os guerreiros, os construtores de nações, os descobridores, as lendas, os mitos e a história.
Zeus, Aquiles, Heitor, Agamenon, Davi, Golias, Salomão, Moisés, Gautama Buda, Napoleão, Oswaldo Cruz, Carlos Gomes, Leonardo da Vinci, Goya, Mozart, os esquimós, os pele-vermelhas norte-americanos dividiam suas páginas e enchiam minha imaginação.
Depois cresci, tive acesso aos livros originais, viajei, visitei museus, estudei um pouco de história, li jornais, ouvi rádio, vi televisão, até chegar nos dias de hoje, com a internet pronta para tirar qualquer dúvida.
Outro dia, mexendo numa estante da minha casa, descobri a coleção completa da Enciclopédia. Chegou lá por obra de um cunhado que, anos atrás, foi vendedor de livros.
Peguei um volume aleatoriamente e comecei a folhá-lo. Como o mundo mudou nos últimos 50 anos! Para os parâmetros atuais “Trópico, Enciclopédia Ilustrada” é preconceituosa, racista e vende a ideia da superioridade do homem branco europeu. Para vocês imaginarem, reconhece três raças: branca, negra e amarela. E no capítulo sobre Gengis Cã e seus sucessores, sugere que o melhor seria serem esquecidos.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.