Boas lembranças
Quem já não sentiu, de repente, um gosto na boca que lhe traz de volta um momento único, pedido no passado? Ou, sem aviso e sem razão, teve a lembrança de um destes momentos que saem dos desvãos da memória como se estivessem vivos?
Nessa linha, entre vários inesquecíveis está o sanduíche de queijo quente na França, de quando eu treinava natação no Clube Paulistano. Da mesma forma que está o sorvete de nata e limão da sorveteria Guarujá. E o sanduíche de mortadela e uma bela Crush gelada, do bar do Dito.
A sorveteria Guarujá não existe faz muito tempo, mas quem provou seu sorvete vai tê-lo vivo na lembrança até o último dia de sua vida. Era um sorvete de casquinha diferente, denso, especial, e a minha mistura favorita era nata com limão.
O Bar do Dito era o empório que abastecia a fazenda da família quando Louveira quase não existia, e que tinha um balcão onde servia os clientes. Seu sanduíche de mortadela com queijo prato tinha gosto de conquista do mundo, que a Crush gelada realçava, e que permanece muito tempo e muito sanduíche de mortadela depois.
O Clube Paulistano ainda está aí. No mesmo quarteirão aonde foi fundado. Mas não é mais nem remotamente o clube onde treinava natação, na década de 1960. A começar pela piscina que não existe mais.
Mas o sanduíche de queijo derretido, feito com pão francês vai ficar na lembrança para sempre, como um momento único de felicidade e fartura.
A lista seria quase inesgotável, feita de momentos que vêm em cadeia, puxadas pela primeira lembrança. Só para acabar, que saudade das manhãs no Iate Clube de Santos, no começo dos anos 1970.
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