Viciado em celular
Tem gente viciada em cigarro. Morrem aos milhares, mas continuam fumando. Outros, perdem no jogo. Dizia meu pai que não há fortuna que resista a uma amante argentina ou a cavalo de corrida. A ideia é completada pelo Seu Luiz, o filósofo do Largo do Arouche: cavalo de corrida come grama, ração, casa, negócio, mulher.
Tem quem bebe. Fica inconveniente. Dá baixaria. Precisa ir ao pronto socorro tomar injeção de glicose.
E os drogados em cocaína, craque e outras drogas pesadas. Estes merecem toda a atenção porque as drogas são epidemia que mata o consumidor e o traficante. Mata a polícia, o intermediário, o bandido da gangue rival.
Existe uma infinidade de vícios, uns mais, outros menos nocivos. De quem come chocolate a quem só sossega elevando a adrenalina, tem para todos os gostos.
O que não dava para imaginar é que alguém fosse viciar em telefone celular. E o vício está aí, na cara de todo mundo, o dia inteiro, em todas as situações, boa parte delas, de uma falta de educação única, como quando o telefone toca num concerto ou numa palestra.
Mas a marca registrada, o momento em que a intensidade do vício se mostra é nos pousos e decolagens de aviões.
Tanto faz se a aeromoça pede a todos os passageiros que desliguem seus celulares. Tem sempre um que engana a tripulação. Quando o avião já está taxiando, ele esconde o celular debaixo de um livro, no bolso, mas não desliga.
Mas impressionante mesmo é no pouso. Mal as rodas tocam o solo, dezenas de celulares são ligados, mesmo não tendo o que fazer enquanto não desembarcar.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.