A maravilha das azaleias
Não sei se foi porque os saguis do bairro cresceram e se multiplicaram e agora correm pelos fios mudando de um grupo de árvores para outro…
Não sei se foi porque dois gaviões voam quase que diariamente nos finais de tarde, com jeito de quem não quer nada, mas prontos para mergulhar feito seta…
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Não sei se é por causa da seca que há mais de mês castiga São Paulo, deixando o ar pesado e a umidade baixa… Quem sabe o ar seco tenha influência no seu ciclo.
Também pode ser o frio que chegou, que fez que vinha, mas vai e vem… É difícil dizer, mas para quem dá as caras no inverno, a chegada do frio pode ser um aviso, a sirene que solta as amarras e libera os sonhos.
Um amigo garante que é um sinal de paz, um agrado, para o coronavírus e a tentativa de evitar a propagação da Covid19 entre o grupo. Pode ser… Quem sou eu para querer entender o mundo?
O fato é que as azaleias, este ano, resolveram chegar cortando de cima, dispostas a não permitir que os ipês aumentem a distância e se valham do tempo extra para consolidar sua florada.
As azaleias entraram de sola, sem aviso e chutando o balde. Floriram antes, não abriram espaço e desabrocharam suas flores com a sem cerimônia de quem entrou na arena sem medo do touro e dispostas a ocupar seu espaço, com frio, calor, sol ou chuva.
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A florada das azaleias não chega a espantar porque o belo não espanta, mas estufa o peito e faz os olhos sorrirem, como se os tons mais inusitados do por do sol sem poluição descessem do céu e tingissem os arbustos, numa parceria combinada para diminuir os ipês.
As azaleias estão entre as flores típicas da cidade de São Paulo. Com as quaresmeiras e os ipês elas fazem os dias mais belos e a vida mais feliz.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.