Três em um
Certos dias de inverno, este ano, estão conseguindo o impossível. Juntam três características diferentes dos dias de três estações diferentes e nadam de braçada, atenuando as dores e sofrimentos da pandemia, que não dá sinais de querer ir embora.
Mas se ela fica e cobra em vidas uma fatura absurda e que o brasileiro não deve, os dias de inverno rasgam a fantasia, se unem e dão show, criando um cenário de filme com final feliz, como que para fazer a vida mais feliz, entre o amanhecer e o por do sol.
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As noites também são especiais, mas, às vezes, perdem o controle e o frio desce bravo, maltratando milhares de pessoas que têm as marquises dos prédios e os vãos do Minhocão para se esconderem do frio. Não são todas as noites e as noites que não gelam entregam uma temperatura amena, como se quisessem dividir seu calor para aquecer a alma de quem mais precisa, as pessoas vulneráveis em situação de rua.
Do amanhecer ao entardecer, certos dias conseguem a façanha de, em pleno inverno, se espalharem com calor de verão e cor de céu de outono.
A natureza agradece e faz as floradas dos ipês, das azaleias, das patas de vaca e dos manacás ficarem mais ricas, mais coloridas, abrindo a possibilidade do sonho para quem deixar a alma mergulhar de cabeça e se encostar num barranco para ver a vida passar.
O calor aquece o corpo, no qual alma e espírito dividem a beleza ou a sensação de paz que a beleza traz consigo. A vida se materializa na transparência do azul profundo que abre o infinito nas distâncias do cosmos.
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Dinossauros caminham pelas estrelas em galáxias que apenas os sonhos nos provam que existem. Mas são elas que dão cor à vida, que alegram os olhos e colocam nas bocas sorrisos de franca felicidade.
Certos dias de inverno trazem pra perto a felicidade do eterno.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.