As pombas e o jacu
Morar em São Paulo é ter a chance de assistir permanentemente o espetáculo das aves. Aves de todos os tipos, de todas as cores e tamanhos, de todos os lugares.
A maioria se mudou para cá atraída pelas vantagens da cidade grande. Moradia mais confortável, alguma segurança mais concreta que nas matas. Acima de tudo, alimento farto e barato. Muito barato, pelas vantagens evidentes de se ter tudo à mão, ensacado e deixado nas ruas, parques e praças.
Para os pássaros a urbanização é uma benção, e na comparação entre seus confortos e a poluição, as aves não têm qualquer dúvida. Vamos respirar ar poluído porque lá é muito melhor.
Aliás, aposição não difere muito da de milhões de seres humanos que ao longo das décadas se mudam para São Paulo, atrás do sonho do Eldorado.
A diferença é que se para a maioria dos humanos o Eldorado vira o inferno, para os pássaros, o Eldorado é o paraíso.
É só perguntar para qualquer sabiá. Para os bem-te-vis, para os pardais, para as rolinhas e para as pombas.
Estas inclusive entraram em contato com suas primas nativas, convidando-as a morar em São Paulo, aonde a vida corre farta e os inimigos naturais ou são raros, ou preguiçosos.
Para não falar na quantidade de periquitos de várias cores e gritos, autóctones e imigrados, que fazem a festa e um imenso pampeiro voando pelas palmeiras.
E nos últimos tempos tenho visita nova. Um casal de aves grandes, que ainda não deu para ver direito, mas que parecem jacus.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.