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As pombas e o jacu

Morar em São Paulo é ter a chance de assistir permanentemente o espetáculo das aves. Aves de todos os tipos, de todas as cores e tamanhos, de todos os lugares.

A maioria se mudou para cá atraída pelas vantagens da cidade grande. Moradia mais confortável, alguma segurança mais concreta que nas matas. Acima de tudo, alimento farto e barato. Muito barato, pelas vantagens evidentes de se ter tudo à mão, ensacado e deixado nas ruas, parques e praças.

Para os pássaros a urbanização é uma benção, e na comparação entre seus confortos e a poluição, as aves não têm qualquer dúvida. Vamos respirar ar poluído porque lá é muito melhor.

Aliás, aposição não difere muito da de milhões de seres humanos que ao longo das décadas se mudam para São Paulo, atrás do sonho do Eldorado.

A diferença é que se para a maioria dos humanos o Eldorado vira o inferno, para os pássaros, o Eldorado é o paraíso.

É só perguntar para qualquer sabiá. Para os bem-te-vis, para os pardais, para as rolinhas e para as pombas.

Estas inclusive entraram em contato com suas primas nativas, convidando-as a morar em São Paulo, aonde a vida corre farta e os inimigos naturais ou são raros, ou preguiçosos.

Para não falar na quantidade de periquitos de várias cores e gritos, autóctones e imigrados, que fazem a festa e um imenso pampeiro voando pelas palmeiras.

E nos últimos tempos tenho visita nova. Um casal de aves grandes, que ainda não deu para ver direito, mas que parecem jacus.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.