O tempo e a gripe
O tempo em São Paulo é tão incerto quanto as grandes paixões de carnaval. Pode durar um dia, uma hora, ou simplesmente levar os meteorologistas à loucura, mudando em 15 minutos só para implicar.
Ninguém sabe para que lado vai ou de que lado vem. É para acontecer de um jeito, as tabelas e prognósticos estão cientificamente fechados, e, sem aviso, acontece tudo ao contrário.
A frente fria de depois de amanhã chega correndo, entra hoje, muda tudo, cria ressaca nas cidades do litoral e fecha o céu na capital.
Sem aviso o que era quente se faz frio, o que era ameno, esfria o pé, o que era riso e saúde se transforma numa gripe do cão, daquelas que doem nos ossos e dão raiva, diante da nossa absoluta incapacidade de fazer seja lá o que for.
Não há nada mais estúpido do que uma gripe. Minto, há, mas é pouca coisa e entre elas a pior é uma gripe mal curada, que se transforma em pneumonia e aí muda o ritmo da dança, obrigando a vítima a ter cuidados que não fazem parte do nosso dia a dia.
Uma manhã faz um calor africano, de tarde um frio alemão, de noite a umidade de Londres vem visitar nossa névoa e por aí vai, numa sequência pouco saudável que cobra seu preço, derrubando boa parte da população da cidade, com gripes e resfriados terríveis.
Com exceção dos donos de farmácias ninguém acha graça, nem se diverte. O mau humor impera, se instala nas pessoas, toma conta da vida, enquanto os espirros e tosses se confundem com o ronco dos motores desregulados, criando uma enorme sinfonia pós-futurista a qual o maestro rege com um lenço na mão.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.