Cada dia mais louco
O trânsito de São Paulo é perfeito para servir de termômetro para medir a loucura brasileira. Nele temos de tudo. Loucos de todas as naturezas. Mansos e furiosos. Alucinados, surtados, babando.
Assassinos, vítimas, mortos e feridos. As ruas de São Paulo são o palco para todos esses tipos e muito mais. Até os que não conseguimos imaginar.
Dá medo e ao mesmo tempo é fascinante. A rapidez com que a loucura se instala depende de uma rápida faísca. Às vezes uma simples olhada mal interpretada pelo motorista do lado é suficiente para desencadear uma cena de faroeste bruto, com tiro, morte e o resto que acontecia nos filmes de caubói.
Também é comum se ver fechadas, brecadas, maluquices, curvas, ao contrário, outras curvas ao contrário do contrário da última curva feita para o outro lado etc..
Além disso, a calma com que param no meio da rua, sem prestar atenção se tem alguém atrás, ou melhor, sem se importar se tem alguém atrás, é alguma coisa única e que deveria servir de base para algumas teses de doutorado em psicologia e psiquiatria.
O trânsito paulistano também serve para a indústria farmacêutica testar novos remédios tarja preta, com a vantagem de ter tempo para analisar os efeitos colaterais.
Mas o mais fascinante é que mesmo a prefeitura tendo resgatado as faixas para separar as pistas de rolamento, boa parte dos nossos ases das ruas insiste em andar com duas rodas para cada lado, como os carrinhos de autorama andavam, em cima do trilho de energia. Só que eles não fazem isso porque precisam da eletricidade do trilho, eles fazem isso porque são espertos e querem ficar do lado que vai andar mais rápido.
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