Os periquitos
Quem mora em São Paulo, ao longo dos últimos anos, vai se familiarizando com as aves de todos os tipos que trocaram as matas e os campos pela vida fácil na cidade grande, rica em lixo que para elas é alimento da melhor qualidade.
Mas tem também as aves que se alimentam de frutas e frutos, como os periquitos e papagaios que voam sobre a cidade, numa enorme algazarra que lembra outras épocas, quando o Brasil ainda não era um país urbano, e era comum ver as aves voando feito loucas em cima das lavouras e dos pomares, quando os grãos e as frutas ficavam maduras.
Os periquitos que voam em cima de São Paulo são de diferentes tipos, de diferentes tamanhos, de cores diferentes, para se dividirem em bandos próprios, com marca registrada, como as gangues de rua dos filmes norte-americanos.
E eles se pegam exatamente como as gangues de rua, brigando pelos frutos de uma palmeira com o cacho de coquinhos maior ou mais maduro.
Quem acha que só os beija-flores são agressivos, precisa ver dois bandos de periquitos disputando a posse de uma planta, ainda mais quando nos galhos, ou pendurados nela, os frutos são o grande prêmio para força e a vontade de cada bando.
A melhor hora para ver os periquitos voando, manchando o céu de verde, numa algazarra infernal, é de manhã cedo, quando a vida começa a despertar e as pessoas e as máquinas, da mesma forma que os periquitos, abrem as janelas para sentir o jeito do novo dia.
É nessa hora que a festa dos periquitos tem seu grande momento, depois eles se escondem nos galhos e só ouvimos o barulho, sem conseguirmos ver as aves.
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