Beber café
Dizem que beber muito café faz mal. Não sei se é verdade, só sei que sou movido pelo líquido negro, como os automóveis precisam de petróleo.
A vida inteira, desde que fiquei um pouco maiorzinho, eu sempre bebi café, e gostei. Quando fumava e depois que parei. Aliás, acho que bebo mais atualmente, depois de mais de vinte e cinco anos sem fumar.
Acordo, escovo os dentes, tomo banho, faço a barba, tomo café da manhã e já no café, tomo um cafezinho. É o primeiro de uma longa série que se estende durante o dia e que eu divido em duas partes: de manhã e de tarde, para não ficar muito impressionado com o número alto de cafés ao longo da jornada.
Entre secos e molhados, tem dias que bebo com certeza, mais de 20 xícaras, das pequenas, é verdade. Mesmo assim é muito café para um único estômago e não é à toa que eu tenho azia com certa regularidade.
Parte dela é hereditária, mas parte vem da quantidade de cafezinhos bebidos diariamente, há mais de 30 anos.
Já bebi café de todos os tipos e qualidades. Desde os infames cafés das repartições públicas, até sofisticados cafés de máquinas importadas, com grãos para exportação moídos na hora, deixando um cheiro de sonho enquanto o café cai da máquina na xícara, fumegando e prometendo o paraíso em cada gole.
Tem gente que bebe café de qualquer jeito, em qualquer temperatura. Eu não. Café tem que ser quente. Não precisa ser como gostava meu bisavô, que dizia que café bom é aquele que a gente põe na boca, cospe no rabo do gato e ele sai gritando com o rabo escaldado. Mas tem que ser quente. Café morno e fraco é uma visita ao purgatório.
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