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Bom dia

 

Se a pandemia tem um lado positivo, com certeza é a mudança de postura de grande parte das pessoas andando nas ruas. Faz tempo que, em minhas caminhadas, eu cumprimento as pessoas com um singelo bom dia. Durante muitos anos, a maioria não respondia. Alguns fechavam a cara, muitos fingiam que não tinham escutado, outros faziam cara de espanto e outros de medo.

Não sei qual o processo desencadeado pelo coronavírus, mas o fato concreto é que, hoje, grande parte das pessoas responde ao meu bom dia e um bom número, inclusive, diz bom dia ainda antes de mim.

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O curioso é observar o jeito dos que não respondem. Boa parte faz de conta que não escutou. Mas tem quem te olhe com cara indignada, como se fosse um pecado enorme dizer bom dia, cumprimentar alguém, andando pela rua, num dia qualquer, especialmente na parte da manhã.

A cara é de quem pergunta: bom dia por quê? Quem você acha que é para me dar bom dia? Será que você me conhece? Eu não te dei essa intimidade. Como você me diz bom dia? Você sabe se meu dia será bom?

Os que fingem que não escutam fazem cara de quem não ouviu, mas olham para você e se traem. Parece que responder ao bom dia é uma heresia, uma barbaridade. Como ousa dizer bom dia? Bom dia por quê?

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Tem alguma indicação de que o dia será bom? Tem algum indício, alguma marca nas nuvens, uma promessa de Deus?

Cada um é cada um e não tem dois iguais. Por que alguém responde ao seu bom dia e outro não responde é algo difícil de explicar. Ou melhor, de entender.

Falta de educação? Timidez? Falta de jogo de cintura? Com certeza a maioria das vezes não é para agredir, nem para menosprezar o seu bom dia. Mas, seja o que for, não é motivo para você não dizer bom dia.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.