Vagalumes
Outro dia, meu especialista em internet, o Renan, me perguntou se eu me lembrava dos vagalumes que voavam de noite pelos jardins de São Paulo.
Respondi a ele que não me lembrava dos vagalumes em São Paulo, mas me lembrava de vagalumes na fazenda e, confesso, me deu uma certa nostalgia do tempo em que, meninos, nós íamos para o gramado em frente da sede caçar vagalumes, que depois colocávamos em caixas de fósforo e apagávamos a luz do quarto, para vê-los acender e apagar sua luzinha verde.
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Era uma época completamente diferente da atual. Dificilmente uma criança de 2020 vai entender o que era um telefone de magneto, com sua manivela para chamar a telefonista que completava a ligação. Falar com São Paulo podia demorar algumas horas. Às vezes, quando minha mãe tinha que falar com a fazenda, eu sugeria que ela pegasse o automóvel e fosse até Louveira, porque ir e voltar era mais rápido do que esperar completar o interurbano.
A quantidade de vagalumes que voava pela noite da fazenda, especialmente no gramadão onde íamos caçá-los, era impressionante. Era olhar para um canto mais escuro e lá estava uma, depois outra e outra e outra luzinha verde piscando aleatoriamente, voando baixo de um lado para o outro, como se não tivesse uma direção.
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Grande parte das crianças de hoje não tem ideia do que seja um vagalume. Nunca ouviu falar, e muito menos viu, o pequeno inseto com sua cauda brilhante, acendendo e apagando.
Tem quem vai dizer que aquela época era melhor. Para nós, que fomos crianças nela, com certeza, mas incluir todo mundo, eu não sei. Cada época é cada época. Quem vive nela é que sabe como é. A nossa infância passou.
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