Cadê tanta gente
Cadê tanta gente que foi tão próxima e que eu não sei que fim levou? Para onde foram, o que fazem, será que estão vivos? Não sei. O apavorante é que apesar de tanta proximidade no passado, hoje, aqui e agora, eu simplesmente não sei.
Perdi seus rastros nos caminhos da vida, em esquinas sem placas, em barrancos esquecidos, em curvas de rio, em braços de mar, em ondas que não estouram mais nas praias do nunca mais.
Cadê os meus amigos dos tempos da fazenda? Cadê o Nego, o Zezinho, o Daio, o Doca e tantos outros que foram parte constante da minha infância e da minha mocidade, jogando futebol, andando a cavalo, galopando nos pastos ou jogando bocha, ao som de um rádio que entre estáticas e ruídos tocava música caipira, captada por uma longa antena feita de um fio e de um tronco de bambu.
Cadê a menina que de noite me esperava debaixo da grande figueira? E cadê tanta gente que dividia as madrugadas, sob estrelas se mostrando para os tijolos do terreiro?
E cadê meus colegas de escola, de primário e de ginásio? Cadê tanta gente que corria pelos pátios do Colégio Dante Alighieri, e colava nas provas e cabulava s aulas de sábado para passear na Rua Augusta?
Meus amigos e amigas de festinhas, de aulas de dança e de tanta liberdade integralmente aproveitada, como se fosse a essência da própria vida?
Cadê tantos companheiros de CPOR, colegas de faculdade, e amigos de trabalho?
Cadê tanta vida que foi e se foi, deixando uma saudade neurastênica na lembrança de um rosto que eu deveria ver, mas que não vem.
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