Os pores do sol em São Paulo
São Paulo sempre teve o pôr do sol deslumbrante. Desde que eu era menino, paro nos lugares mais variados para ver o sol descer, trazendo a noite para a cidade em verdadeiras obras primas de deixar Turner e outros mestres da paisagem com inveja.
Nenhum pintor conseguiria retratar o que é o pôr do sol por aqui. Nem os grandes clássicos, nem os mestres das cores, os impressionistas que levaram a pintura a um estágio sublime, ou mesmo os modernos abstratos. Nenhum teria capacidade para pintar este quadro porque a beleza, às vezes, transcende a habilidade humana, como que para nos mostrar nosso lugar e nossa imensa insignificância.
O pôr do sol do Pacaembu foi provavelmente o primeiro que serviu de isca para o vício que veio atrás, sempre procurando, sempre querendo ver onde e como o sol se põe, nos mais variados cantos da cidade.
Foi assim que descobri a praça do Pôr do Sol muito antes dela ficar conhecida. E assisti o pôr do sol da Barra Funda inundar o céu com um vermelho denso que se espalhava na direção da serra servindo de fundo como se o céu estivesse em chamas.
Também peguei alguns pores do sol na avenida Paulista, e outros em regiões opostas, baixas, de horizonte curto, onde o sol aparecia entre prédios, tingindo de rosa o céu poluído.
Nesta longa caminhada vi pores do sol de todos os jeitos em todas as épocas do ano. E é por isso que eu afirmo com certeza: São Paulo não tem pôr do sol mais bonito do que o pôr do sol de inverno no fundo da USP, visto da ponte da Cidade Universitária, em cima do rio Pinheiros.
Lá o sol atinge um tom de vermelho diferente de todos os outros e, ajudado pela poluição tinge o céu com cores que só Deus consegue criar.
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