O ocaso de um partido
Durante décadas, o PT teve um eleitorado fiel que lhe garantia, em qualquer eleição, no mínimo perto de 30% dos votos. Isso dava ao partido uma vantagem competitiva importante. Ele precisava, de verdade, brigar por um número muito menor de votos que, somados aos votos dos eternos parceiros, fazia a corrida ser mais fácil ainda.
Não bastasse isso, com Lula no governo, o PT fez exatamente o contrário do que o antigo líder dizia que faria: em vez de ensinar a pescar, o partido aumentou a quantidade de peixe e criou o Bolsa Família, que, travestido de programa de inclusão social, se transformou na mais eficiente forma de voto de cabresto da história do Brasil.
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Era para durar para sempre, mas não durou. Em 2018, o partido amargou uma derrota de deixar o fanático mais fanático com vergonha do que tinha acontecido.
E nessas eleições o quadro piorou. O PT ficou sem uma única capital. Entre as cidades do ABC, ficou com uma das menores, Mauá, perdendo em São Bernardo, Santo André e São Caetano.
Tem gente que acha que é mérito de Jair Bolsonaro, mas não é. O Presidente aproveitou o auxílio emergencial para tentar acabar com o PT no Nordeste, mas não foi ele quem fez isso. Tanto que os candidatos apoiados por ele tiveram desempenho muito fraco, Brasil a fora.
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Quem acabou com o PT foi o próprio PT. Quem se autodestruiu foram os petistas, que não perceberam a mudança dos ventos desde o impeachment de Dilma Rousseff.
O novo queridinho da esquerda é Guilherme Boulos, do PSOL. Ele veio que veio nesta eleição. Mas ele só cresceu porque o PT, por rara incompetência, minguou. Em política, nada é definitivo, mas vai ser muito difícil a volta do PT. Até porque os petistas continuam remando contra.
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