Pela rua

Ela seguia alegre, fazendo festa para ela mesma, brincando com uma sacola de feira, com os pacotes saindo por cima. Era de manhã cedo. Um friozinho passava na brisa que corria pelo vale do rio.

A vida dela era dela e não interessava a ninguém, nem ela estava preocupada. Queria andar pela rua, feliz, brincando com a sacola, cumprimentando os guardas das ruas sentados do lado de fora das guaritas.

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Quando chegou perto da grade da Casa do Bandeirante, gritou um nome e uma mulher saiu da casa no fundo da praça e foi conversar com ela.

Se encostou na grade, colocou a sacola no chão e ficou conversando com a amiga, gesticulando em movimentos largos, como se quisesse abraçar o mundo.
Suas roupas simples eram coloridas e a saia meio rodada chegava na altura da canela. Tinha um chale ou um lenço no pescoço, que escondia um pouco sua cara, mas não escondia o sorriso largo que iluminava seu rosto enquanto conversava com a amiga.

Passei por ela na ida e na volta da minha caminhada. Dei bom dia e ela respondeu simpática, com um bom dia comprido, como se saísse de dentro de seu coração, como se ela realmente me desejasse um dia bom.

É comum encontrá-la pelas ruas do bairro. Não sei onde mora. Pode ser que seja no fundo da casa de sua amiga, dentro do parque da Casa do Bandeirante, pode ser que seja em qualquer outro lugar.

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As primeiras vezes que cruzei com ela pensei que morasse na rua, mas depois, vendo-a sempre arrumada, com os cabelos penteados e a roupa limpa, concluí que não, que ela deve ter um canto dela, quem sabe numa casa do bairro, quem sabe em outro lugar próximo.

É bom cruzar com ela andando pelas ruas. Seu jeito alegre, espontâneo e descontraído, seu sorriso e seu bom dia alegram a manhã.

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