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Vacina e vacinação

Uma coisa é ter vacina, outra é vacinar a população. Ter vacina não quer dizer nada. Ter vacina é apenas o começo de uma longa caminhada, que termina no posto de saúde, com os enfermeiros e assistentes de enfermagem vacinando dezenas de milhares de pessoas por dia.

É aí que mora nosso maior problema. Em primeiro lugar, nós não temos vacinas para vacinar a população brasileira. Neste momento, nós não temos quinze milhões de vacinas, o que seria suficiente para vacinar sete e meio milhões de cidadãos, ou menos de cinco por cento da população.

Também não temos como apressar a entrega das que estão sendo negociadas, porque até agora o Ministério da Saúde, com seu Ministro Intendente, falou muito e fez muito pouco. A verdade é que dezenas de países estão na nossa frente. Já compraram as vacinas, estão imunizando suas populações e as novas remessas já estão garantidas e serão entregues dentro de um cronograma no qual o Brasil aparece no final da fila.

Mas ainda que nós tivéssemos quatrocentos milhões de doses de vacinas estocadas, o que, em princípio, seria suficiente para a população brasileira, nós teríamos uma série de outros problemas e barreiras a serem superados, antes de começarmos a vacinar.

O primeiro e mais dramático é que não temos seringas. Mais uma vez, o Ministério do Intendente não entendeu como as coisas funcionam e não comprou, nem encomendou, as seringas necessárias para vacinar contra o coronavírus, mantendo, concomitantemente, as agendas das demais vacinas indispensáveis à saúde do Brasil.

Para complicar mais, não temos logística planejada para atender nossos oito milhões e meio de quilômetros quadrados. Não temos pessoal treinado para manejar as vacinas, nem para aplicá-las. Em bom português, com muita sorte, no fim de 2022 o país estará mais ou menos imunizado.

 

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.