O nome do parque Trianon
O parque Trianon é um exemplo vivo da inutilidade de se tentar mudar nomes de áreas conhecidas da cidade. O nome oficial é parque Tenente Siqueira Campos, no entanto muito pouca gente sabe disso e menos gente ainda tem a mais vaga ideia de quem foi o tenente Siqueira Campos, herói da epopeia dos 18 do forte, e que morreu afogado salvando seus companheiros de ideal e revolução, num trágico naufrágio que lhe custou a vida.
Da mesma forma que a ponte Cidade Jardim e o túnel 9 de julho, o parque mantém o nome pelo qual foi sempre conhecido, ainda que contrariando a vontade dos poderosos do momento, dispostos a matar os referenciais da cidade, em nome de interesses pontuais.
Imagine alguém mudando o nome da praça da Concórdia, em Paris, ou Trafalgar Square, em Londres, ainda que para praça Charles de Gaulle ou praça Winston Churchill. Não é possível. Como não deveria ser possível acontecer por aqui.
Só que aqui acontece com incrível regularidade, numa afronta direta aos marcos que balizam a vida da cidade, criando os referenciais pelos quais as pessoas se localizam, guardam lembranças, gravam passagens da vida ou das pessoas que lhe são caras.
Imagine um cidadão paulistano que por alguma razão se mudou, voltando para São Paulo 20 anos depois. Entra num táxi e diz ao motorista: “Por favor, vamos ao lado do túnel 9 de julho”. E o motorista lhe responde: “Desculpe, mas aonde o senhor quer ir? Nós não temos túnel 9 de julho na cidade”. E o cidadão: “Como não? Eu cresci jogando futebol ao lado dele”. “Então, implodiram, porque não tem mais”. Mudar nomes é matar o passado e apagar a história, o que no Brasil pode ser interessante.
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