A gripinha que mata
O Brasil é campeão mundial em assassinatos e mortes por acidentes de trânsito. São números vergonhosos, que nos colocam em companhia do que existe de pior no planeta e nos faz pensar se nós, por acaso, fazemos parte destes grupos.
De acordo com as estatísticas não tão confiáveis produzidas pelas autoridades nacionais, temos por ano mais ou menos sessenta mil homicídios e quarenta e cinco mil mortes em acidentes de trânsito.
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O total passa de cem mil mortes. E nos coloca entre os campeões indiscutíveis nessas modalidades de violência social. Tem pouca gente que pode com a gente – sacou, mano?
Não é para nos enchermos de orgulho e sair gritando “nós somos os campeões”, ao contrário, é dessas informações que devem ficar trancadas no fundo dos cofres mais secretos e seguros da nação.
Mas estamos indo além e descobrindo um jeito novo de deixar esses números apavorantes parecendo conversa de criança.
Isso mesmo. Quem achava que o Brasil não tinha criatividade ou competência para fazer melhor, se enganou. Nós temos e estamos mostrando que temos.
O Brasil tem algo próximo de dois e meio por cento da população mundial. Todavia, nossos mortos pelo coronavírus correspondem a dez por cento do total de vítimas ao redor do planeta.
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É pra gente grande, ainda mais quando nos lembramos que o Presidente disse que era uma gripezinha que só contaminava maricas. Pois é, já matou mais de duzentos e dez mil brasileiros e vai matar mais.
Ao fazer essas afirmações, ele estava empregando táticas de diversão usadas pelos exércitos para desviar a atenção do inimigo antes de começar a ação. E ele foi bem sucedido: os brasileiros caíram que nem patinhos.
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