Em política, feio é perder
Não me lembro qual foi o cacique da política brasileira que disse que, em política, a única coisa feia é perder.
Não tenho certeza se o Presidente leu ou ouviu falar nisso, mas como animal político que é, compactua com o pensamento do velho líder. Em política, a única coisa feia é perder.
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Por isso, entrou em campo para ganhar. Abriu os cofres, comprou quem estava à venda e quem não dizia que estava, gastou três bilhões de reais extras, mas fez barba, cabelo e bigode. Levou Câmara e Senado e levou de barbada. Seus candidatos tiveram mais do que o dobro dos votos dos segundos colocados.
Só que ele alimentou a fera. Deu comida e depois deu poder para o Centrão. Como ele vai fazer daqui pra frente é coisa que ninguém sabe, nem pode prever. Afinal, a turma está solta, mal habituada, com fome e com sede. Com certeza, alimentar a matilha vai custar mais e depois mais.
Sem as presidências da Câmara e do Senado era fácil controlar a turma. Bastava dar algumas migalhas e a coisa se resolvia. Mas com a presidência da Câmara na mão, o novo Presidente já sentou na cadeira mandando recado e falando grosso.
Na guerra e na política o objetivo é o mesmo: vencer o oponente. A diferença é que a política é mais cruel e sangra devagar.
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Como os presidentes do Executivo e da Câmara dos Deputados vão se entender vai depender de uma série de fatores que não dependem deles.
E se a pandemia se agravar, como parece que vai acontecer? E se nós continuarmos sem vacina?
O Presidente fez barba, cabelo e bigode, mas será que não criou um monstro que pode engoli-lo? Na política e na guerra o objetivo é o mesmo: vencer o oponente. Mas a política é mais cruel, ela sangra devagar.
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