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As árvores que não dão flores

Descobri uma falha grave no meu roteiro vegetal da cidade de São Paulo. É comum falar das floradas das árvores que ao longo do ano enfeitam a cidade com suas flores, mas quase nunca falo das árvores que enfeitam a cidade o ano inteiro, sem darem flores ou chamarem a atenção pela variedade de suas cores.

São árvores que estão aí com cara de quem não quer nada, plantadas em ruas, jardins e praças, cada uma com sua sombra, seu jeito, seu verde e suas folhas, enfeitando São Paulo de uma forma tão constante ou até mais do que as árvores que têm floradas e que por causa delas ocupam um período especial durante o ano.

Algumas das árvores que não dão flores são tão bonitas que mesmos sem se enfeitarem embelezam o seu pedaço quem sabe de forma ainda mais bela do que as flores de suas primas.

Quem já não viu algumas figueiras deslumbrantes, enormes, com seus troncos encravados fundos, calcados na largura desmedida que precisa de alguns homens de braços dados para rodearem o caule gigantesco?

Quem já não viu algumas nogueiras maravilhosas, enormes na altura perigosa de seus galhos de madeira mole? Quem não viu algumas seringueiras impressionantes em seus galhos típicos, ranhados como se sobrepusessem numa montagem artificial de árvore de conto de fadas?

São árvores que chamam a atenção até de quem passa longe, mas as vê, atraído pela imponência, pela massa escura desafiando o céu, orgulhosas do seu tamanho descomunal em comparação com outras árvores, ainda que sendo tipuanas ou eucaliptos.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.