Falar de amor
Não tem dia, nem hora para se falar de amor. Qualquer momento é bom, qualquer instante vale a pena, todo segundo justifica uma vida feita errada, sem carinho, sem ternura, sem compaixão.
Falar de amor é bom como fazer amor. Falar de amor é o começo para se fazer amor. A chave que abre a porta, que desvenda os mistérios, que pagam todos os preços.
Falar de amor é bom como a água escorrendo da nascente no meio do mato, num meio dia de verão, quando o sol rompe o ar e a canícula se espalha dura como ferro em brasa marcando a carne.
Falar de amor é bom como a lua cheia refletida num lago, numa noite de primavera, com a trepadeira florida escorrendo do telhado e adocicando o ar manso carregado pela brisa sem pressa cortando a terra, como a palavra boa dita no instante difícil. Como o ombro que se abaixa para suportar nosso peso. Como a mão que se abre no momento que as caras se fecham.
Falar de amor é doce como doce de leite com queijo de minas. É bom como sorvete na sobremesa de um almoço no mês de janeiro. É quente como a lareira acesa nas noites de agosto.
Falar de amor abre o peito, alarga a vista, amplia os horizontes. Amar é melhor que um gole de uísque, ou que a aspirina no dia seguinte. É abrir o peito e entregar a alma, e não ter medo da entrega, nem de que jeito será entendido, porque quem ama entende certo as palavras ditas erradas. E perdoa o gesto estabanado, e aceita o ser humano como ele é, com as falhas e as qualidades que o fazem ser amado.
Falar de amor é bom como torta de maça, como teu beijo, como o canto dos anjos. Mas melhor que falar de amor é poder te amar.
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