Os saguis se espalham pela cidade

Tem quem ache que só as aves descobriram as vantagens inegáveis da vida urbana. Não é bem assim. A Clotilde, por exemplo, depois da aventura com o ouriço, em Ibiúna, no começo do ano, está convencida que sair da cidade é uma irresponsabilidade e que lugar de cão é no jardim. Se antes ela tinha alguma dúvida, agora a Clotilde é cem por cento urbana.

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Mas tem mais gente que descobriu que morar na cidade é mais fácil, mais confortável e menos perigoso. As capivaras estão por aqui faz década, então não contam, mas a tranquilidade com que pastam nas margens dos rios Tietê e Pinheiros e nos gramados da Cidade Universitária mostra o acerto da decisão e justifica as dificuldades iniciais da migração.

Não, não estou falando dos ratos, das baratas ou dos pernilongos. Estes sempre foram animais urbanos e não tem qualquer razão para criar uma história diferente, até porque não cola. Eles sempre estiveram aqui e nas outras cidades de todos os tamanhos, espalhadas por este imenso Brasil.

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As cobras são um capítulo à parte. Sem dúvida, dede a fundação de São Paulo, sempre tivemos cobras na área urbana, escondidas nos terrenos abandonados e nos matos que interagem com a cidade. Mas não podemos desconsiderar as fugas do Instituto Butantã, tão espetaculares quanto as fugas de Alcatraz, dos campos de concentração ou de mafiosos impiedosos querendo o fígado da mocinha. E também tem as que vieram convidadas pelos parentes que chegaram antes e se deram bem.

Agora é a vez dos saguis. Os pequenos macacos se espalham em bandos pelas regiões mais inusitadas. São inclusive vistos caminhando pelos fios de ruas praticamente sem vegetação, que não seriam, em teoria, seu habitat. Neste ritmo, não será de estranhar se algumas onças se aventurarem pelas periferias. Afinal, se ursos fazem isso, por que não elas?

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