Crônica 7300
A Crônica da Cidade número 7300 começa homenageando uma paineira plantada no canteiro central da Marginal do Pinheiros, pouco antes da saída para a pista local para entrar na Ponte da Cidade Universitária.
Se São Paulo tem paineiras bonitas – e tem –, esta é deslumbrante ou está deslumbrante. Pode ser que no ano que vem outra fique tão florida como ela está, mas este ano a festa é dela, só dela, ainda que pouco antes, no mesmo canteiro central, tenha outra paineira quase tão florida como ela.
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As paineiras sabem que têm que dar o máximo, que, se não se esforçarem, passam quase desapercebidas no meio do cinza e do verde que competem pelos espaços de São Paulo.
O ser humano é uma criatura interessante. Suja a cidade, deixa os espaços ficarem cinzas e depois planta árvores que têm floradas deslumbrantes. Não sei se é deliberado, mas é mais provável que não seja. Que as árvores e o cinza nunca tenham sido pensados juntos. Que cada um é cada um e é só por acaso que acontece de uma árvore ser plantada num buraco que lhe permite desafiar o cinza sujo e triste para, no momento de sua florada, alegrar a vida de quem passa perto, aproveitando o cenário favorável.
Não sei se tem a ver com os peixes que apareceram no rio Pinheiros. Provavelmente não. Os peixes, ao contrário dos sabiás, não costumam conversar com as árvores.
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A lei do mar não permite. O peixe maior só é menor para o peixe maior. Os outros ele devora. Ao contrário das paineiras, que são devoradas pelas lagartas que sobem em seus troncos malcuidados.
É a tal da briga pela vida. Pode mais quem chora menos. Enquanto isso, os sabiás contam para as paineiras que elas serão assunto de rádio.
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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.