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Dia da Terra

 

A terra e o Brasil têm em comum o dia 22 de abril. Dia 22 de abril de 1500 foi a data em que Pedro Álvares Cabral, comandando a maior frota que já singrara o Oceano Atlântico, chegou na costa da Bahia, descobrindo oficialmente o Brasil. Sim, oficialmente, porque extraoficialmente o Brasil já havia sido descoberto alguns anos antes.

A questão era tomar posse da terra, de acordo com o tratado de Tordesilhas. E isso foi feito. A partir de 22 de abril de 1500, o Brasil passou a pertencer a Portugal. E seguiu assim até 1822, quando D. Pedro I, continuando o plano magistral de D. João VI, proclamou a independência.

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22 de abril, no Brasil, apesar de ser o início de tudo, é tão sem importância que não é sequer ponto facultativo. Isso num país que cria feriados com a voracidade de quem não come carne há mais de ano.

E o planeta é tão esquecido e desdenhado que precisaram criar um dia para nos lembrarmos dele, porque mais esquecido só o descobrimento do Brasil.

É uma pena que seja assim. A Terra não precisa, nem faz questão de ser lembrada. Quem precisa se lembrar da Terra somos nós. Para ela o ser humano é um grão de areia tão insignificante que se alguém retirá-lo da praia não haverá consequência nenhuma.

A Terra é o planeta em que vivemos e que não está ameaçado. Ameaçados estamos nós. Se deixarmos de existir, a terra continuará girando com a mesma indiferença com que assistiu ao fim dos dinossauros.

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É isso que está em risco: nós deixarmos de existir, não porque a Terra queira nos exterminar, mas porque nós estamos caprichando para tornar o planeta inabitável para o ser humano.

Da mesma forma que todo dia deveria ser dia do Brasil, todo dia é dia da Terra. Só não percebe isso quem não tem noção das coisas.

 

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.