A coisa tá feia
As notícias internacionais dão conta de que a China cresceu mais de 18% no primeiro trimestre do ano. É um número impressionante, o mais alto da história recente, mas não é difícil de explicar. Em primeiro lugar, a recuperação foi feita sobre uma margem baixa, achatada pela pandemia. Em segundo lugar, a China foi dos países que apresentaram maior resiliência e capacidade de recuperação diante do coronavírus.
Em ritmo menor, o mundo vai saindo do buraco e o crescimento é um dos pontos comuns entre as nações desenvolvidas. Até o Brasil tem uma projeção favorável, com crescimento próximo de três por cento, o que não deixa de ser muito bom, levando em conta todas as nossas mazelas.
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É aí que a porca torce o rabo, ou melhor, que a vaca pode ir para o brejo. Nossas mazelas podem comprometer nosso crescimento. E as projeções podem não se confirmar.
Não é preciso muito para isso acontecer. É manter a toada em que vamos para a canoa fazer água em pouco tempo. A vacinação segue a passo de cágado, ainda que a ameaça presidencial seja no sentido dos brasileiros vacinados com a vacina chinesa virarem jacaré.
Temos condições de vacinar rapidamente, só não temos as vacinas para fazê-lo. E o país segue de ponta cabeça, com boa parte da população pouco se lixando para a pandemia e para a falta de vacinas.
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No campo político, está tudo dominado. O dono do Brasil é o Centrão. E a esbórnia nas relações entre os poderes só faz ficar mais fácil para os antigos sócios do PT continuarem mandando, como fazem há muito tempo, tanto faz quem é o governo.
O desemprego e a fome são reais e somos malvistos lá fora. Nos colocam como responsáveis pelo desmatamento da Amazônia e aí complica. Podemos descer mais, em vez de crescer três por cento.
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