A Lei Áurea
Maio é o mês da promulgação da Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel, encerrando a escravidão no Brasil.
Em teoria, nada mais louvável, mais justo, mais bonito. Pena que na prática, como sói acontecer com boa parte de nossas leis, a Lei Áurea foi um fiasco, ou pior ainda, uma das leis mais nefastas, entre o enorme rol de leis ruins que, sistematicamente, inviabilizam o país.
Na escola nós aprendemos que a Princesa foi a Redentora dos negros, a grande responsável pela liberdade e pela igualdade de todos os brasileiros, independentemente de raça, cor da pele ou religião.
Pena que isso não é verdade. Poucas leis causaram o estrago feito pela Lei Áurea.
A abolição da escravidão vinha sendo construída fazia tempo, mas o governo imperial ao longo do percurso não tomou nenhuma medida concreta para promover a integração do negro liberto à sociedade brasileira.
Tão pouco se mexeu no sentido de viabilizar mão de obra paga para substituir os escravos nas fazendas de café e cana de açúcar. E fez menos ainda para auxiliar os fazendeiros a preservar o patrimônio severamente atingido com o fim da escravidão.
Para completar o serviço, a Princesa assinou a lei no dia 13 de maio, véspera do início da colheita da safra de café e em plena safra de cana de açúcar.
O resultado foi milhões de ex-escravos sem ter o que fazer ou para onde ir; milhares de fazendeiros falidos; e o país atolado numa crise econômica séria, pela quebra das safras e pela não exportação das duas principais riquezas nacionais. Se essa lei é boa, o que é uma lei ruim?
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