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A necessidade do belo

Eu não sei se os outros animais se comovem. Tem gente que diz que sim, tem gente que diz que não, eu não sei, se bem que tenho minhas dúvidas quanto a insensibilidade das outras espécies.

Já o ser humano, não, o ser humano, mesmo o mais bruto, se comove. Tem sempre alguma coisa, ainda que inesperada, que toca o coração mais duro, a alma mais fria. Quando isso não é verdade, o ser em questão não é humano, é uma besta fera, que deveria ser isolada, seja lá qual for a razão para ter perdido a sensibilidade.

Entre as necessidades da alma, com certeza o belo ocupa um lugar especial. O belo é indispensável para a vida, ou para o equilíbrio na vida, e isso o torna único, como momento e como reação.

Cada um reage de um jeito diante de cada situação. E com o belo não é diferente. Tem gente que chora, tem gente que ri, tem gente que fica muda, enquanto outros começam a falar.

Não há uma reação padronizada e é justamente isto que faz de cada ser humano um indivíduo único e inclonável, mesmo a ciência dando as técnicas materiais para a construção de outro ser, exatamente igual, na aparência, ao ser original.

O belo é o pão da alma. O belo é a razão de ser da sensibilidade e o padrão que norteia a inteligência. Sem a esperança do belo, não há esperança de melhora e sem ela não há esperança para a raça humana.

Mesmo na tragédia, na miséria, no sofrimento, o belo tem um papel de destaque, que muda o momento da pessoa, dando-lhe algo inefável, inexplicável, mas concreto como a própria vida, para mudar seu futuro e fazer a vida uma aventura diferente, mais fácil e menos áspera, porque num momento, mesmo fugaz, ele teve diante de si o belo. A beleza plena entrou pelos seus olhos, tomou a alma, se espalhou pelo corpo, para marcar para sempre com uma vibração boa, o mais profundo do seu coração.

 

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.