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Contrastes

Os Estados Unidos estão inaugurando o turismo da vacina. Depois de vacinarem a maior parte da população e com estoque de sobra, os norte-americanos, especialistas no assunto, decidiram que era hora de dar o troco e faturar com o coronavírus e inauguraram o turismo da vacina.

O cidadão viaja para lá, passa os dias necessários para tomar uma ou duas doses, dependendo da vacina, gasta seus dólares, enche os hotéis, dá trabalho para os restaurantes, faz compras, movimenta o comércio e os serviços e, em troca, toma de graça a vacina milagrosa.

O contraponto, ou o grande contraste, somos nós, com a vacinação parada ou atrasada em várias capitais e outras cidades porque um boçal mandou aplicar as vacinas reservadas para a segunda dose como se fossem a primeira e agora não temos nem uma nem outra.

O resultado está aí. Ninguém sabe o que vai acontecer. A única certeza é que não temos vacinas para serem aplicadas no prazo definido pelo fabricante do imunizante. E o pior é que, cada vez que nossas autoridades federais abrem a boca, o quadro se agrava.

A diferença entre os Estados Unidos e o Brasil é que, enquanto nosso grande capitão, para puxar o saco do então presidente americano, fazia a apologia da cloroquina, Donald Trump, que de bobo não tem nada e é um grande showman, incentivava a indústria farmacêutica a pesquisar e produzir vacinas.

Como não poderia deixar de ser, as três melhores vacinas, Pfizer, Moderna e Johnson, são produzidas nos Estados Unidos, que comprou um estoque de mais de um bilhão de doses e já imunizou grande parte da população. Por isso, está inaugurando o turismo da vacina, oferecendo de graça as doses mágicas que nós não temos para quem quiser ir até lá.

Do nosso lado, com a vacinação parada, vemos o povo morrer.

 

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.