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As vantagens da boa aparência

Quem anda por São Paulo fica horrorizado com o estado de abandono, sujeira, depredação e vandalismo que deixam a cidade mais feia, mais cinza e mais triste, porque é sempre triste ver o homem destruir de graça algo que deu trabalho para ser feito.

Mas, se alguém prestar atenção, vai ver que a destruição é muito mais aguda em imóveis ou áreas abandonadas do que nos terrenos murados e nos prédios bem mantidos.

Uma olhada mais atenta nos muros e paredes vai mostrar que os muros sujos e mal tratados são mais pichados do que os dos imóveis pintados em bem mantidos.

A sensação que dá é que o feio chama o feio, o abandono chama a violência e é um convite para a destruição.

Até mesmo no alto dos prédios, onde os pichadores conseguem chegar sabe Deus de que forma, a situação é mais ou menos a mesma e se repete, com incrível monotonia.

Os prédios bem cuidados raramente são pichados ou têm os vidros quebrados. Os prédios com ar de abandonados ou mal tratados, não. Parece que são um convite ao vandalismo, uma tentação quase que diabólica para o pichador e os energúmenos que se divertem dando pedradas e tiros nos vidros.

Até nas estradas é possível ver isto. As estradas bem mantidas, com acostamento em ordem e mato cortado, raramente têm as placas de sinalização danificadas. Situação oposta da encontrada nas centenas de estradas que cortam o país em todas a direções, muito mais parecidas com cicatrizes terríveis de doenças medonhas, do que com estradas. Nelas as placas servem de alvo, para tiros de todos os calibres.

É verdade que tem espírito de porco pronto pra tudo e que também existe quem piche os muros bem cuidados. É verdade, mas, graças a Deus, é uma minoria.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.