O patriarca e o pórtico
Cada cidade tem o monumento que merece. Paris tem o Arco do Triunfo, Berlim tem o Portão de Brandemburgo e São Paulo tem o Pórtico da Praça do Patriarca.
O Pórtico paulistano é tão feio e tão fora de escala, que o Patriarca que dá nome à praça, quando viu o que estavam fazendo, de vergonha, ficou num lado da praça, quase escondido, de costas para o mostrengo.
José Bonifácio de Andrada e Silva era um dos homens mais cultos e mais sofisticados de seu tempo. Tinha conhecimentos profundos de matemática, minerologia, botânica e mais uma série de ciências que ele dominava, para não falar em política, onde deu aula para todo mundo e junto com o imperador, salvou a unidade brasileira.
A praça do Patriarca tem este nome para homenagear José Bonifácio. É uma das praças mais antigas da cidade de São Paulo, onde o Patriarca, apesar de santista, tinha um casarão em Santana, que hoje é a sede do CPOR.
Na praça do Patriarca fica a igreja de Santo Antonio, uma das poucas do século 16 e que chegou a ser Sé da cidade, muito antes das igrejas de São Francisco serem erguidas.
Ficam também alguns prédios dos primeiros tempos da “cidade que mais cresce no mundo”.
E no entanto, religiosos ou laicos, estão todos mais ou menos tapados pelo pórtico fora de proporções e de linhas francamente feias que ergueram por lá, mais para funcionar como guarda-chuva de quem entra na galeria Prestes Maia do que para pórtico.
Aliás, até a entrada da galeria ficou perdida no meio do caos criado pelo mastodonte retrógrado-futurista construído ninguém sabe muito bem porquê ou para quê?
A única certeza é que o pórtico é feio, tapa o belo e está na contramão do que a cidade merece… e precisa.
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