O centro
Não sei de qual eu gosto mais, se do centro velho, velho, ou se do centro velho, novo. Os dois ficam no centro da cidade, um de cada lado do viaduto do Chá. O centro velho, velho, é o que vai para os lados da praça da Sé, passa pelas ruas Boa Vista, São Bento, Direita etc.
O centro velho, novo, fica do outro lado, e vai do teatro municipal em direção da praça da República. Ele é formado por ruas que já foram lindas, como a avenida São Luiz, e outras, que mesmo com a deterioração da região continuam muito bonitas, como a Vieira de Carvalho, entre o largo do Arouche e a praça da República.
O largo do Arouche é uma pálida imagem do que já foi. Mas ainda assim guarda uma nobreza toda especial, quem sabe pelas estátuas de alguns grandes nomes das letras paulistas, quem sabe pelas lojas de flores, quem sabe pela Academia Paulista de Letras, ou, ainda, mas não menos importante, pelo “Le Casserole”, que pra mim é um dos melhores restaurantes da cidade.
A praça da República também está longe do que deve ter sido nos anos 50, quando o edifício Éster era o que havia de mais moderno em São Paulo.
E na região entre a Amaral Gurgel e a Major Sertório, quando eu era mais moço, ficava a boca do luxo, com as boates de strip-tease, hoje em dia reduzidas a quatro ou cinco inferninhos decadentes. Os dois centros velhos, atualmente, são o retrato do que acontece com as regiões que deixam de ser nobres. Vão se acabando aos poucos, numa queda lenta, que a gente percebe aumentar, nas poucas vezes que vai lá.
Mas eles podem renascer. Só depende de nós mesmos.
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