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Cada moda na sua época

Já teve tempo que as pessoas usavam galochas. Era uma peça impermeável que se colocava nos dias de chuva para não molhar os sapatos e os pés. Era chique, mas chique mesmo eram as polainas brancas sobre os calçados pretos, completando a indumentária do cidadão janota.

Hoje, ninguém mais fala em galocha. No máximo, usam botas de borracha e polainas só para andar no campo. Cada época tem suas modas e suas manias, nada de novo debaixo do sol.

Na mesma época das galochas, os homens usavam chapéus. E, antes deles, usavam cartolas. Mulheres também tinham uma vasta coleção de chapéus, que usavam inclusive dentro das igrejas.

As primeiras vezes que fui a restaurante, para ser exato, a Cantina Roma, em Higienópolis, eu fui de calça curta de flanela, meia três quartos e blazer e gravata. Era a roupa da época. Os homens usavam paletó e gravata até dentro de casa e, para ir a cinemas e teatros, era obrigatório. Sem gravata não entrava.

Muito antes desse tempo, na corte de Luiz 14, se comia com as mãos. Nada que os bandeirantes varando os sertões da América do Sul também não fizessem. Era assim porque era assim. As regras modernas são muito mais modernas do que se pensa.

Por exemplo, no século 19, os cirurgiões não lavavam as mãos antes de operarem. Quando um lavou e descobriu que reduzia a mortalidade dos pacientes, a lavagem de mãos se tornou obrigatória antes das cirurgias.

Da mesma forma, não existiam anestésicos. A coisa era feita na marra, com outras pessoas segurando os pacientes, enquanto o cirurgião operava.

Cada época tem sua moda e suas manias. Querer comparar coisas diferentes não dá. O que valia ontem, não vale hoje, mas nem por isso estava errado e, se não fosse daquele jeito, não seria como é hoje.

 

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.