Azaleias e Manacás
Chegou a hora das azaleias. Elas têm lugar de destaque na paisagem de São Paulo. As casas dos Jardins, quando tinham muros baixos, costumavam ter azaleias plantadas na frente e hibiscos nos muros laterais.
Os hibiscos saíram de moda, mas as azaleias seguem firmes na frente das casas e nesta época do ano se enchem de flores, firmemente dispostas a concorrer com todos os ipês pela coroa da mais bela florada da cidade.
Tem quem diga que as azaleias se politizaram, decidiram entrar no campo de luta, defendendo cores mais avermelhadas. Não é verdade. As azaleias são neutras. O negócio delas é cumprir o combinado e embelezar a cidade. É verdade, dependendo do prefeito e da Câmara Municipal, elas estrilam, mas a conotação não é política, é de defesa da cidade, da qualidade de vida da cidade.
Alguns locais são clássicos. É o caso do muro da casa de Armando Álvares Penteado, no Pacaembu, bem em frente da FAAP. Desde sempre, o muro teve no alto um enorme renque de azaleias que vai de um extremo a outro do seu comprimento.
Nesta época do ano, o muro fica encimado pelas flores deslumbrantes e se torna um espetáculo à parte, que combina, ou faz dueto, com as azaleias plantadas nas encostas na frente do Estádio do Pacaembu.
Os ipês seguem floridos e mudam de turno. Saem os roxos para entrar em cena os amarelos, mas a dança é bem coreografada. Eles não batem de frente com a florada das azaleias.
Quem tenta peitá-las são alguns manacás sem noção de espaço ou sem outra chance senão florirem na sua época e serem completamente abafados pelas azaleias. É a luta pela vida, pelo espaço e pelo destino dentro da vida. Agora é a vez das azaleias e com elas ninguém pode.
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