A estupidez é ilimitada
Quando os fanáticos do Taleban destruíram duas estátuas de Buda, esculpidas na rocha, em Baniyan, foram chamados de trogloditas, execrados e condenados de todas as formas porque estavam destruindo obras primas feitas há 1500 anos.
Logo após a Renascença, padres da Igreja Católica mandaram cobrir pinturas retratando o corpo humano nu, como se fosse um pecado muito grande um mestre renascentista retratar a imagem idealizada do ser humano como ele é diante de Deus, como ele poderia ser.
E os protestantes não ficaram atrás da Inquisição, em lições de moral distorcidas e na implantação de regras brutais que levaram a queimarem bruxas e destruírem tesouros inigualáveis, obras de arte, raridades e preciosidades inestimáveis.
A estupidez humana é ilimitada e capaz de causar danos inacreditáveis à história e ao patrimônio, à cultura, à educação, ao conhecimento e ao desenvolvimento da espécie em cima deste planeta.
A barbaridade recentemente cometida em São Paulo iguala quem a praticou aos criminosos que destruíram os Budas, aos imbecis que mandaram tapar obras primas, aos que queimam livros e aos que torturam a matam em nome da fé.
Não vem ao caso se a estátua do Borba Gato era bonita ou não era bonita. Os conceitos de beleza podem ser tremendamente elásticos. Mas ela é um marco na geografia da cidade. E uma homenagem a gente que, da forma possível na sua época, contribuiu para a construção deste país, permitindo inclusive que os autores da façanha pudessem crescer na maior cidade da América do Sul, num regime democrático que provavelmente não vai punir o crime contra o patrimônio público.
___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.