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A cor do céu

A cor do céu na cidade grande tem nuances que o cor do céu não tem no campo ou no mar. Aqui, ao contrário, o céu varia, modificado por intervenções externas, que não têm nada a ver com sua cor.

Aliás, dizem que o céu não tem cor, que o seu azul é resultado da refração da luz, e outros fenômenos afins, que eu positivamente não entendo, mas que devem ter alguma base porque já deram até prêmio Nobel para quem os estudou.

A cor do céu varia de acordo com o humor da poluição, da cadência dos ventos, dos ciclos da lua, das explosões do sol e da vontade do meu amor.

É, da vontade do meu amor. Da mesma forma que os ventos solares influenciam na formação do azul, fazendo-o mais azul, a vontade do meu amor também influencia a cor do céu, fazendo-o mais alegre quando está alegre, ou mais triste, quando está triste.

Pois é, o céu pode ficar alegre e pode ficar triste, tudo depende dos olhos de quem o vê, de quem olha pra cima, e de onde olha para cima, se num dia frio e se de uma zona arborizada ou de uma região fabril.

Se de manhã ou se de tarde; se com fome ou com sede, ou se saciado de vida e de emoção.

Ver o céu é uma arte e uma emoção, especialmente nos fins de tarde, para os lados da Cidade Universitária, onde o sol se põe numa explosão deslumbrante de cores que preveem o futuro e falam do passado e mexem com o peito de quem ama e por isso fica mais sensível ao belo e a possibilidade da beleza.

É por isso que, pra mim, a vontade do meu amor é mais importante do que a força dos ventos ou os índices da camada de ozônio. A vontade do meu amor, seu jeito de ser, influencia minha maneira de ver o céu e de acha-lo mais bonito ou mais feio, de vê-lo mais alegre, servindo de estrada para a viagem dos sonhos e de palco para a dança das nuvens e do voo das aves.

A cor do céu é a cor do humor do meu amor, quer dizer, quase sempre.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.