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Carros velhos

Durante décadas, os carros velhos eram Brasílias, Variants, Opalas, Corcéis, Volkswagens, Kombis, Fiats 147 e por aí a fora, numa toada de carros nacionais que foram chamados de carroças pelo ex-presidente Collor, mas que, ao longos dos anos e até depois, cumpriram sua parte na história da indústria automobilística no país.

Quem teve um Opala sabe o prazer que aquele carro era capaz de dar. Ainda mais se fosse um Opala Especial, 2500, ano 1971. Eu sei por que eu tive um e, em dois anos, rodei mais de 90 mil quilômetros, atravessando boa parte do Brasil sem qualquer problema mais sério.

Curiosamente, Galaxies e Dodges Dart nunca viraram carros velhos. Sumiram. E os que até hoje são vistos, são carros de colecionadores, quer dizer, são carros antigos, o que é completamente diferente.

Também não se viam Simcas, Mavericks, Gordinis, ou DKWs, mas os Aero Willis, ainda que mais raros, de vez em quando davam o ar da graça pelas ruas da cidade.

Hoje, os carros velhos mudaram radicalmente. Existem de todos os tipos e procedências, mas chama a atenção a quantidade de carros japoneses, Hondas e Toyotas, alguns até bem conservados, mas que são carros velhos, muitas vezes com mais de vinte anos de idade.

Mas o mais interessante mesmo é ver um Mercedes ou BMW como carro velho. E são, não há o que fazer. Da mesma forma que os coreanos dão a graça da presença pelas ruas em Azeras com mais de dez anos, rodando bem conservados, com jeito de carro novo.

Pode mais quem chora menos. Cada época é sua época e não adianta tentar misturar. O seu momento é seu, o meu é meu. A verdade é que hoje não há mais a compulsão de trocar de carro a cada dois anos. Por isso tem tanto carro velho rodando com jeito de carro novo.

 

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.